sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

"Oi,Mô!
 Já tem um tempinho que não nos falamos. Tempinho suficiente para me dar saudades de você e lhe contar como anda as coisas aqui. Mais antes, eu espero que esteja tudo dando certo aí, pois você já não me da noticias desde o verão passado.
 Me lembro de você com freqüência,mô.Do seu jeito desleixado de andar,do modo como se despedia todo final de tarde,de como você dizia meu nome inteiro.Que saudade!
 Numa tarde, depois de chegar do trabalho, eu toquei violão, mô.Não o pegava desde que você foi embora.Sabe que musica eu toquei,mô?Talvez você nem se lembre, mais foi aquela que mais nos marcou. E logo depois de tocar o violão, eu te liguei. Mais caiu na caixa postal. Você mudou o numero e não me contou mô!Aliás, você mudou em tudo. Desde o modo do seu cabelo até o modo de como você falava "Santo cristo!”. Gostava do seu jeito levado de usar as gírias da época e de como você era serio nas horas exatas.
 Quem ainda é muito serio é papai, mô.Mas nada de se assustar também.Me lembro da primeira vez que o viu; ficou tão branquinho de medo da cara fechada dele.Mais papai,é homem bom,você sabe.Ele ainda têm aquele cheirinho.Cheirinho de trabalho.Creio que herdou de vovô,pois também sinto isso nele.Ah,vovó tá aqui ainda.Ela se lembra de você também,mô,sempre com aquele sorriso gostoso no rosto.Ainda mais agora que a família vai aumentar (dos dois lados).Se lembra de quando queríamos ter filhos,mô?Você queria que se chamassem Caio e Lívia. Enquanto eu desejava que se chamasse Bernardo e Isabella.Sim,mô!Isabella com dois "L"."Para se diferenciar" eu retrucava quando você perguntava o porquê dos dois "l".
 Ainda moro em uma casa amarela, mô.É,ainda é ritual morar em casas amarelas,desde pequena.Nesta de agora,em uma sacadinha onde me deparo com a cidade de Bambuí.Bambuí cresceu muito,mô,você ficaria surpreso se a visse.Aqui na rua tem um senhor chamado "Seu Pedro",mô.Ele me faz lembrar de você,pois quase sempre usa uma blusa azul-marinho idêntica aquela que você insistia para eu passar para você vesti - lá.Ela destacava seus olhos,mô,era tão bonito velos vidrados nos meus.Mas também era triste velos desviarem naquela manhã na aeroporto.
 Paris é bonito,mô?E agora na época de Natal?Não sei se você ainda está nesta cidade maravilhosa.Ou se já tenha voltado para o Brasil.Mas espero que essa carta chegue até você.
 Preciso ir.Preciso fazer café antes de ir trabalhar,pois aqui já é de manhã e estou te escrevendo desde a noite que passou.Muitas horas pensando em você.Poucas escrevendo.Mais espero ter te lembrado de tudo.
 Mande noticias,me ligue,marque encontro, mande cartas ou até sussurros ao vento para mim.
 Tô com saudade.Com saudades,eu repito.
 Se cuide muito bem, mô!
 Você sabe que eu continuo aqui pra você. Qualquer dia e hora.
 E você também sabe que basta um sinal, palavras ou até um gesto seu para eu voltar. Voltar, mô. Eu e você. Juntos. Novamente. Imagine mô!
 É só falar, que eu volto.
 Um beijo demorado na testa.
 Carinhosamente,
                “Eu.”

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